Um relatório elaborado por mais de 100 especialistas de 52 instituições de pesquisas e agências da ONU alerta sobre um potencial aumento significativo nas mortes relacionadas ao calor extremo nas próximas décadas devido às mudanças climáticas.
Publicado na revista The Lancet nesta quarta-feira (15), o estudo prevê que, em um cenário de elevação média de temperatura de 2ºC até o final do século, as mortes decorrentes do calor podem aumentar em até 4,7 vezes até 2050.
Entre 2018 e 2022, as pessoas já enfrentaram cerca de 86 dias com temperaturas elevadas prejudiciais à saúde, devido a um aquecimento médio de aproximadamente 1,1ºC. Os indivíduos com mais de 65 anos são os mais vulneráveis a esse aumento de temperatura, com um aumento de 85% nas mortes nessa faixa etária atribuídas ao calor, comparado ao período de 1991 a 2000.
Os cientistas ressaltam que o calor é apenas um dos fatores climáticos contribuintes para ou aumento da mortalidade.
Preveem que ondas de calor mais frequentes poderão resultar em cerca de 525 milhões de pessoas sofrendo de insegurança alimentar moderada ou grave até a metade do século, elevando o risco global de desnutrição.
Além disso, doenças infecciosas transmitidas por mosquitos, como a dengue, poderão registrar um aumento de 36% na transmissão.
O secretário-geral da ONU, Antônio Guterres, comentou o relatório e afirmou que “a humanidade enfrenta um futuro intolerável”.
“Já estamos vendo a catástrofe acontecendo para a saúde e a subsistência de bilhões de pessoas ao redor do mundo, ameaçados por ondas de calor recordes, secas devastadoras para as colheitas, níveis crescentes de fome, surtos crescentes de doenças infecciosas, tempestades e inundações fatais”, afirmou em comunicado.