Depois de ter feito sua viagem inaugural em águas brasileiras no porto de Tubarão, em Vitória no Espírito Santo, no dia 22 de novembro do ano passado, o navio Berge Olympus faz sua estreia no Maranhão. A embarcação, que permaneceu dois dias atracado no Pier 3 Sul da Vale, no Complexo Portuário de Ponta da Madeira, recebeu mais de duzentas mil toneladas de minério de ferro e já empreendeu viagem de volta. Mais precisamente, para o porto chinês de Quingdão. A utilização dessa classe, chamado de “velas rotativas”, faz parte de um projeto maior da Vale que aposta em novas tecnologias chamadas “eficientes” com reduzida porcentagem de emissão de carbono.
O navio Berge Olympus é um graneleiro Newcastlemax adaptado e equipado com quatro velas rígidas, conhecidas como BARTech WindWings. A embarcação otimiza a tecnologias de eficiência energética como as velas rotativas e o air lubrication podendo assim diminuirá a demanda de combustível por viagem e facilitará a adoção de combustíveis de baixo carbono. Um estudo preliminar para os navios da categoria do Guaibamax, encomendado pela mineradora, estima que a redução de emissões pode variar entre 40% a 80% quando movidas a metanol e amônia, ou em até 23% no caso do GNL.
No Berge Olympus, cada vela instalada – no total de quatro – tem uma envergadura aerodinâmica de 37,5 metros de altura e 20 metros de largura, permitindo que o navio poupe cerca de 6 toneladas de combustível por dia numa rota média mundial e, no percurso Brasil-China, reduz as emissões de CO2 em aproximadamente 19,5 toneladas por dia. O navio é um Guaibamax, da categoria VLOC (Very Large Ore Carrier), com capacidade máxima de 325 mil toneladas.
Ao longo do projeto, foram realizadas modelagens 3D dos portos de carregamento operados pela Vale para analisar a atracação do navio. O BO foi projetado para atracar em qualquer porto. Não há nenhuma interferência das velas no carregamento, já que elas ficam reclinadas durante a atracação. Tubarão foi escolhido para ser o primeiro porque as equipes de engenharia náutica, inspetoria e operação locais tiveram papel fundamental durante todo o processo de testes e ajustes finos no sistema. Agora, com esse embarque em São Luís-MA, o Complexo Portuário de Ponta da Madeira, de propriedade da mineradora, passa a ser o segundo porto brasileiro a recebe esta maravilha da tecnologia naval.
Para entender – As velas rotativas são rotores cilíndricos, com quatro metros de diâmetro e 24 metros de altura – equivalente a um prédio de sete andares. Durante a operação, os rotores giram em diferentes velocidades, dependendo de condições ambientais e operacionais do navio, para criar uma diferença de pressão de forma a propelir o navio para a frente, a partir de um fenômeno conhecido como efeito Magnus.
A instalação dessa tecnologia, fornecida pelo fabricante finlandês Norsepower, é um projeto liderado pela Vale, que contou com a parceria do armador coreano Pan Ocean para instalação em um de seus VLOCs a serviço da mineradora brasileira. A empresa Shanghai Ship and Design Research Institute (SDARI) foi responsável pelo design e integração das velas com a embarcação. O estaleiro chinês New TEMPOs Shipbuilding construiu o navio já adaptado para receber “as novidades”, que foram instaladas em outro estaleiro, o Pax Ocean Engineering Zhoushan, também na China.
Meta Carbono – A operação do primeiro mineraleiro equipado com velas rotativas faz parte do Ecoshipping, programa criado pela área de navegação da Vale para atender ao desafio da empresa de reduzir suas emissões de carbono, em linha com o que vem sendo discutido no âmbito da Organização Marítima Internacional (IMO). No ano passado, a empresa anunciou um investimento para reduzir em 33% suas emissões de escopos 1 e 2 até 2030. Anunciou ainda que irá reduzir em 15% as emissões de escopo 3 até 2035, patamares ambientais que fazem parte do chamado Acordo de Paris.
Eficiência I – Com a adoção de novas tecnologias e renovação de sua frota, a Vale tem investido fortemente para incorporar o estado da arte em termos de eficiência e de inovação ambiental na área de navegação. Desde 2018, a empresa opera com Valemaxes de segunda geração e, desde 2019, com os Guaibamaxes, com capacidades de 400 mil toneladas e 325 mil toneladas, respectivamente. Essas embarcações estão entre as mais eficientes do mundo e conseguem reduzir em até 41% as emissões de CO2 equivalente se comparadas com as de um navio cape size, de 180 mil toneladas, construído no ano de 2011.
Eficiência II – As quatro turbinas eólicas instaladas a bordo do Berge Olympus são impressionantes: 37,5 metros de altura e 20 metros de largura. Essa inovação permite que o navio economize até 6 toneladas de combustível por dia. Mas não é tudo: a adoção desta tecnologia permite reduzir as emissões de carbono em até 19,5 toneladas por dia. No vídeo abaixo, o Berge Olympus em manobra de desatracação no Pier 3 Sul da Vale, em Ponta da Madeira, São Luís, capital do estado do Maranhão.