O diretor-presidente da Companhia Maranhense Gás (Gasmar), Allan Kardec Duailibe, é o entrevistado desta semana no podcast da plataforma Jota, que produz conteúdos sobre inteligência política e jurídica do Brasil, aliando jornalismo e análise de dados.
O podcast Joule trouxe como pauta o aumento da demanda de gás natural no país que, nos próximos 10 anos, deve crescer em 37,5%.
Duailibe citou a Gasmar, que em breve deverá iniciar a comercialização de gás natural para a Vale e fez um diagnóstico do contexto de industrialização do Maranhão, defendendo o aproveitamento dos ricos recursos naturais do Brasil.
A entrevista abordou custos, possibilidades ao mercado brasileiro, o acordo com Argentina para importação de gás natural da reserva de Vaca Muerta e a expectativa para a exploração da Margem Equatorial.
Ele defendeu a interiorização para a produção e transporte de gás, mostrando a divisão do país em arco-norte e arco-sul.
“A gente tem que fazer uma (Ferrovia) Norte-sul do gasoduto. Tem que atender o Brasil rico, o Brasil do agronegócio, não só com ferrovias. Existem propostas de ferrovia para todo lugar, mas não tem proposta de gasodutos”, defendeu.
Sobre a possibilidade de importação de gás natural de Vaca Muerta, na Argentina, o ex-diretor da ANP considera ainda uma “interrogação”, já que ninguém sabe o que vai acontecer.
E considerou que vai depender basicamente de preço, incluindo que o fato estará vinculado ao debate do fracking, a técnica de fraturamento hidráulico para obtenção de gás combatida pelos ambientalistas.
Kardec classificou de “debate geopolítico”, que se tornou “ideológico”, em razão de interesses internacionais para que o Brasil renuncie ao fracking, uma técnica dominada há várias décadas por outros países.
“Não existe indústria mais comprometida com o meio ambiente do que a nossa porque nós não podemos errar”, afirmou.
Sobre a exploração da Margem Equatorial, Allan destacou como uma “disputa objetiva”.
“Eu não tenho dúvidas que estamos disputando com gente poderosíssima, com o continente inteiro que sempre quis colonizar as américas, a África, a Ásia. A minha visão é de disputa mesmo. Nós estamos na disputa”, alegou sobre os interesses que impedem a liberação das operações na região. E fez duras críticas às “fragilidades” do parecer do Ibama contrário à exploração.
“É uma decisão de cunho ideológico, é uma decisão de manifesto como eu classifico a decisão do Ibama. Não é possível que um órgão desta envergadura, que tem importância central para o Brasil, não tenha nenhuma responsabilidade”, questionou.
Considerada o novo pré-sal do país, com imensas reservas de petróleo e gás, a Margem Equatorial tem investimento previsto da Petrobras da ordem de 3 bilhões de dólares até 2029. Mas a exploração permanece embargada, sem autorização ambiental do Ibama.