Comemorado em 25 de novembro, o Ligue 180 chega aos seus 20 anos, consolidado como o principal canal nacional de enfrentamento à violência contra a mulher. Desde sua criação em 2005, o serviço tornou-se uma referência importante nesta causa, por garantir atendimento gratuito, sigiloso e permanente, funcionando como porta de entrada para milhares de mulheres que encontraram no número a primeira possibilidade concreta de romper o ciclo da violência.
As estatísticas mais recentes confirmam a relevância do Ligue 180: até outubro deste ano, o painel nacional registrou 116.893 atendimentos, 126.455 denúncias e 526.248 episódios de violência, demonstrando que a procura segue elevada e que o canal continua fundamental para romper barreiras históricas de silêncio e subnotificação.
Ouvidoria da Mulher como novo ponto focal do 180 no estado
No Maranhão, o marco dos 20 anos do serviço coincide com uma mudança estrutural na rede estadual de acolhimento. Em 2025, a Ouvidoria Estadual da Mulher, da Secretaria de Estado das Mulheres (Semu), passou a atuar oficialmente como ponto focal do Ligue 180 no estado, recebendo e repassando diretamente as demandas encaminhadas pela central nacional.
Essa integração aprimora o atendimento: ao aproximar o circuito nacional da rede local, o suporte às vítimas se torna mais ágil, contextualizado e alinhado às especificidades territoriais.
Para a secretária de Estado das Mulheres, Abigail Cunha, o avanço simboliza um novo patamar de articulação institucional. “O Maranhão passa a responder de forma mais rápida, mais preparada e mais humana. Integrar o 180 à nossa atuação significa garantir que a denúncia não pare no telefone. Ela chega à rede, chega às equipes e se transforma em proteção real”, afirmou.
Abrangência e perfil das denúncias no Maranhão
Os dados da Ouvidoria Estadual da Mulher, referentes ao período de junho a novembro de 2025, mostram uma expansão importante. Foram registradas 1.955 denúncias, alcançando 161 municípios, o equivalente a 74,19% do território maranhense — um índice considerado raro no cenário nacional, sobretudo por incluir municípios pequenos, áreas rurais e regiões historicamente marcadas pela subnotificação.
As denúncias se concentram nos maiores centros urbanos: São Luís (828), seguida por São José de Ribamar (135), Imperatriz (102), Paço do Lumiar (94), Caxias (65) e Santa Inês (49).
O perfil das vítimas reforça desigualdades conhecidas: mulheres pardas seguem como as mais atingidas, seguidas por mulheres brancas e pretas. A maior parte das denúncias envolve jovens adultas, especialmente entre 18 e 39 anos, ainda que haja registros com adolescentes, idosas e, em menor número, crianças — um retrato que evidencia a multiplicidade e a persistência da violência em diferentes fases da vida.
Esse panorama já revela um movimento importante: as denúncias chegam a mais municípios justamente porque a rede estadual tem se aproximado das mulheres e se feito presente no território.
Interiorização e presença territorial fortalecem a resposta estadual
A partir desse cenário, fica evidente que o crescimento das denúncias não reflete necessariamente aumento da violência — mas sim o fortalecimento das políticas públicas de enfrentamento no Maranhão. A presença territorial da Semu, por meio de caravanas, ações itinerantes, pactuações municipais, campanhas educativas e serviços como a Carreta da Mulher Maranhense, ampliou o acesso das mulheres às informações e aos canais de acolhimento.
Vinte anos depois, o 180 segue indispensável e o Maranhão mostra como avançar
O aniversário de duas décadas do Ligue 180 reafirma sua relevância no Brasil, mas os dados maranhenses demonstram que o serviço alcança resultados mais robustos quando encontra, nos estados, uma rede estruturada, articulada e responsiva.
Ao assumir o papel de ponto focal e registrar quase dois mil atendimentos em seis meses, a Ouvidoria Estadual da Mulher confirma o compromisso do Governo do Maranhão com o aprimoramento das políticas de enfrentamento à violência. Vinte anos após sua criação, o 180 segue indispensável — mas, no Maranhão, ele ganha potência, território e capilaridade ao se conectar a uma política que se expande, se interioriza e escuta de forma cada vez mais próxima.























