A dor de Mirian Lira Rocha, moradora de Imperatriz, ganhou o país neste domingo (5) após seu relato comovente ao programa Fantástico, da TV Globo. Ela perdeu os dois filhos, Evely, de 13 anos, e Luís Fernando, de 7, envenenados após comerem um ovo de Páscoa que havia sido entregue anonimamente em sua casa.
“A gente ter dois filhos e, de uma hora para a outra, a gente não ter mais. É uma dor que só Deus para tirar”, disse Mirian, com a voz embargada, em um dos momentos mais marcantes da entrevista. O chocolate, supostamente enviado como presente, carregava veneno — e acabou tirando a vida das crianças em poucos dias.
As investigações da Polícia Civil apontam que o crime foi motivado por vingança. A suspeita, Jordélia Pereira Barbosa, uma esteticista da cidade de Santa Inês, foi presa na última quinta-feira (1º). Segundo a polícia, ela agiu movida por ciúmes de Mirian, que havia retomado contato com um ex-namorado, Antônio Alves Barbosa Filho — ex-marido de Jordélia.
A investigação detalha que Jordélia criou um perfil falso nas redes sociais e passou a ameaçar Mirian, dizendo que ela estava destruindo sua família. “Em nenhum momento eu destruí a família dela. Até a certidão de divórcio já tinha sido feita”, explicou Mirian.
O crime comoveu o estado e gerou forte comoção nacional. Luís Fernando foi o primeiro a sentir os efeitos da substância tóxica. “Mãe, eu não estou enxergando, estou ficando cego”, relatou o menino, segundo a mãe. Levado às pressas ao hospital, ele não resistiu. Evely, sua irmã, faleceu sete dias depois, com os mesmos sintomas.
De acordo com a polícia, Jordélia confessou ter enviado os ovos, mas nega que tenha colocado veneno. Contudo, peritos encontraram em sua bagagem uma substância extremamente tóxica, comum em raticidas e agrotóxicos. Análises indicaram presença da substância nos doces consumidos pela família.
Jordélia foi indiciada por duplo homicídio qualificado e tentativa de homicídio. Segundo o Ministério Público, o crime foi motivado por vingança e cometido de forma premeditada — o que configura motivo torpe. Se condenada, pode pegar até 90 anos de prisão.
Em meio ao luto, Mirian só quer justiça. “Eu sei que não vou ter meus filhos de volta, mas quero que ela pague por esse crime. Foram duas vidas inocentes que ela tirou.”
A defesa de Jordélia afirma que os fatos serão esclarecidos no processo judicial e que ela nega o envenenamento.