A vereadora Elisane Rodrigues dos Santos, de 49 anos, foi brutalmente assassinada a facadas no município de Formigueiro, no interior do Rio Grande do Sul. O corpo da parlamentar, que exercia seu primeiro mandato pelo Partido dos Trabalhadores (PT), foi encontrado na manhã desta terça-feira (17) por agricultores, em uma estrada da zona rural conhecida como Rincão dos Machado, ao lado de sua caminhonete Fiat Strada.
Segundo a Polícia Civil, Elisane apresentava ao menos 10 perfurações por arma branca, a maioria na região do pescoço. Nenhum objeto pessoal foi levado: bolsa, celular, cartões e dinheiro estavam no local, o que descarta a hipótese de latrocínio e reforça a suspeita de feminicídio. O crime aconteceu poucas horas após a vereadora participar de uma sessão na Câmara Municipal. O Instituto-Geral de Perícias (IGP) de Santa Maria foi acionado para conduzir os levantamentos técnicos.
Elisane era servidora pública, atuava como técnica de enfermagem e era uma voz ativa em defesa dos direitos sociais, da saúde pública e da causa quilombola. Era a única mulher eleita na Câmara de Formigueiro e representava politicamente a maior comunidade remanescente de quilombo do estado.
A morte da vereadora gerou forte repercussão política. O deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS), ex-ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência, classificou o crime como provável feminicídio e exigiu resposta imediata das autoridades. “Estamos pedindo justiça. Ela foi morta com dez facadas. Tudo leva a crer que foi um crime motivado por sua atuação”, declarou.
A ministra das Mulheres, Márcia Lopes, também se pronunciou e lamentou o crime, destacando a urgência de políticas públicas contra a violência de gênero e a violência política. “Seguiremos firmes na luta por justiça e pelo direito das mulheres participarem da política sem medo”, afirmou. A ministra anunciou uma agenda no estado com a deputada Maria do Rosário (PT-RS) para tratar do caso e fortalecer ações do governo federal no combate ao feminicídio.
A Secretaria Estadual de Mulheres do PT divulgou nota de pesar, destacando o legado de luta de Elisane e cobrando justiça. “Sua morte não pode ser naturalizada. Elisane presente, hoje e sempre”, diz o comunicado.
As investigações seguem em curso. Até o momento, não há informações sobre suspeitos presos ou identificados. O caso é tratado com prioridade pela Polícia Civil do Rio Grande do Sul.