Para além dos recordes operacionais, o Porto do Itaqui se destaca como incentivador da pesquisa científica no Maranhão. Ao longo das três edições do programa de apoio à pesquisa aplicada, o porto, em parceria com a Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (Fapema), concedeu financiamento a 47 projetos em 15 cidades do estado, beneficiando diretamente mais de 300 pessoas.
Iniciado em 2022, o programa de pesquisa surgiu da iniciativa da Empresa Maranhense de Administração Portuária (Emap) em construir parcerias com universidades locais para desenvolver, de forma conjunta, soluções para os desafios enfrentados pelo porto, abordando temas como operações portuárias, relação porto-cidade, mudanças climáticas, cadeias produtivas, energias limpas e descarbonização.
“Os resultados obtidos até aqui demonstram um processo contínuo de evolução: o Porto progride com base nas pesquisas realizadas, enquanto as pessoas envolvidas nesses estudos também crescem. É desenvolvimento humano e pesquisa aplicada caminhando juntos”, destacou a presidente em exercício do Porto do Itaqui, Isa Mary Mendonça.
Além da capital São Luís, o programa de apoio à pesquisa alcança os municípios de São José de Ribamar, Paço do Lumiar, Raposa, Imperatriz, Lago da Pedra, Bacabal, Chapadinha, Araioses, Estreito, Balsas, Zé Doca, Pinheiro, Alcântara e Caxias. “Ao unir a expertise acadêmica às demandas concretas do Porto, os projetos beneficiam tanto o Complexo Portuário quanto a sociedade local”, explicou o gerente de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação do Porto do Itaqui, Gabriel Mateucci Cassia.
Da operação às cadeias produtivas
Um dos projetos financiados pelo Porto do Itaqui tem como foco o desenvolvimento de um ROV (Veículo Operado Remotamente) marinho, voltado para batimetria e monitoramento ambiental nas áreas operacionais do porto. Coordenada pelo professor Dr. Danilo Francisco Corrêa, da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), a pesquisa conta com a colaboração de professores e estudantes dos cursos de Engenharia de Transportes, Engenharia de Pesca e Engenharia da Computação.
A iniciativa busca criar equipamentos capazes de realizar levantamentos batimétricos com alta precisão e em tempo real, reduzindo significativamente os custos e os riscos associados às operações tradicionais. Além de facilitar a detecção de alterações no relevo submerso, o ROV desenvolvido permite o diagnóstico contínuo e o monitoramento ambiental das áreas aquáticas do Porto do Itaqui, contribuindo para uma gestão mais eficiente, segura e sustentável das operações portuárias.
“Uma das minhas maiores preocupações durante a graduação era saber como eu iria aplicar o conhecimento adquirido na área de tecnologia à Engenharia de Pesca aqui no Maranhão. Mas, com a chegada dessa pesquisa do ROV Marinho, eu pude desenvolver o que aprendi ao longo da graduação e contribuir com a solução de problemas da minha região. Então, o programa de apoio à pesquisa me fez permanecer no meu estado para produzir ciência”, explicou Danilo Pereira de Oliveira, engenheiro de pesca e integrante do projeto do ROV.
Além das operações, o porto apoia projetos voltados ao fortalecimento de cadeias produtivas do estado. É o caso da pesquisa destinada ao fortalecimento da cadeia produtiva do abacaxizeiro Turiaçu, liderada pela professora Thais Roseli Corrêa, da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA). A pesquisa visa modernizar o cultivo do abacaxi Turiaçu por meio da aplicação de biotecnologia, especialmente a técnica de micropropagação in vitro com biorreatores de imersão temporária (BIT).
Essa inovação permite a produção em larga escala de mudas de alta qualidade, reduzindo o tempo de cultivo e aumentando a produtividade. Com isso, pequenos agricultores têm acesso a uma tecnologia que pode transformar suas práticas agrícolas e ampliar sua capacidade de produção. A iniciativa também promove inclusão social e desenvolvimento comunitário, com ações como capacitação de produtores, doação de mudas e geração de empregos.
“Nosso objetivo é fortalecer toda a cadeia produtiva do abacaxi Turiaçu, levando tecnologia de ponta aos agricultores locais para que esse fruto conquiste novos mercados. Por meio do projeto, conseguimos produzir mudas em laboratório na UEMA e repassá-las aos produtores, garantindo um plantio mais eficiente, produtivo e sustentável”, explicou a professora Thais Corrêa.
Investimento para o presente e para o futuro
Investir em ciência representa o compromisso do porto com o presente e com o futuro. Por meio desse financiamento, os pesquisadores têm acesso a bolsas de pesquisa e equipamentos de alto desempenho, que não apenas impulsionam as pesquisas em andamento, mas também abrem caminho para o desenvolvimento de novos projetos nas instituições de ensino envolvidas: UFMA, IFMA, UEMA, Ceuma e UNDB.
Além de oferecer apoio financeiro, a Emap, por meio da Gerência de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (GEPDI), acompanha de perto todas as etapas dos projetos, assegurando uma comunicação eficiente entre os pesquisadores e os setores estratégicos relacionados aos temas estudados.