O jornalista José Jersan Raimundo dos Santos Araújo, de 80 anos, faleceu na manhã desta quarta-feira (26), em uma clínica de São Luís, onde estava internado. Jersan Araújo, como era mais conhecido, foi durante muitos anos repórter, redator e articulista do Jornal Pequeno, desde os tempos em que o JP era editado por seu fundador, José Ribamar Bogéa.
De acordo com informações de familiares, o velório acontecerá na tarde desta quarta-feira na Plena Pax Agência Funerária, localizada na Rua Antônio Raposo, no Cutim Anil. O sepultado será no final da tarde no Cemitério Parque da Saudade, no Vinhais.
Jornalista de longa trajetória na imprensa e ex-vereador de São João Batista, Jersan Araújo, respeitado como uma das vozes mais firmes e independentes no jornalismo maranhense, parte deixando um legado de coragem, ética, integridade e compromisso com a verdade.
Foram mais de cinco décadas dedicadas à comunicação e à vida pública, sempre com postura crítica, inquieta e responsável. Sua atuação marcou gerações e inspirou profissionais em todo o estado. Ele deixa esposa, filhos, netos e bisnetos, além de inúmeros leitores, colegas e admiradores que carregam sua viva memória.
Jersan Araújo: uma vida dedicada ao jornalismo e à política
José Jersan Raimundo dos Santos Araújo, nascido em 5 de junho de 1945 no povoado Olinda dos Aranha, no município de São João Batista (à época parte de São Vicente Ferrer), construiu uma trajetória marcante como jornalista, apresentador e homem público. Filho de João Batista de Araújo Filho e Iracema Santos Araújo, desde cedo demonstrou uma sensibilidade social que guiaria toda a sua carreira.
Ainda jovem, aos 19 anos, Jersan começou a trabalhar na Câmara Municipal de São Luís como taquígrafo, mas não demorou a migrar para o jornalismo. Em 1969, tornou-se “foca” no Jornal Pequeno, preenchendo férias de outros profissionais — e logo ganhou carteira assinada como repórter.
Nos anos seguintes, transitou por importantes veículos impressos do Maranhão: foi editor e diretor em jornais como Jornal de Hoje, Folha do Maranhão, O Debate e O Jornal.
Mas seu impacto não ficou apenas no impresso. Jersan também atuou como repórter político na TV Difusora, onde era conhecido pela abordagem investigativa, combativa e independente. Além disso, colaborou com a rádio Educadora, reforçando seu compromisso com a pluralidade de vozes e a liberdade de expressão.
Sua coragem jornalística destacou-se especialmente durante a ditadura militar. Ele denunciou corrupção policial, revela casos de propina, e não teve receio de confrontar autoridades — posicionamento que lhe rendeu respeito, mas também riscos.
Em 2007, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais de São Luís homenageou Jersan como “Jornalista que Marcou Época”, destacando sua independência, bravura e competência.
Na sua cidade natal, São João Batista, ele não só levou sua voz jornalística, mas também assumiu responsabilidades políticas. Ele foi vereador no município e também atuou como secretário municipal de articulação política em gestões importantes.
Além disso, teve papel relevante na vida cultural da cidade: foi membro fundador da Academia Joanina de Letras, Ciências e Saberes Culturais, ocupando a cadeira n° 7, cujo patrono é seu avô Ataliba Sousa Santos.
Legado pessoal
A vida pública de Jersan estava profundamente marcada por suas convicções, mas a sua força vinha também do seu núcleo familiar. Ele deixa esposa, filhos, netos e bisnetos — pessoas que acompanharam seu compromisso com a verdade e com a comunidade.
Mesmo após deixar a vereança, Jersan seguiu ativo na defesa das causas sociais. Por exemplo, criticou publicamente a falta de manutenção das estradas de São João Batista e da Baixada Maranhense, dizendo que a população “se sente abandonada e desassistida”.
Sua voz foi sempre a de um jornalista que não se limita a relatar: ele participa, investiga, denuncia, cobra, dialoga. Para ele, o jornalismo era um instrumento de cidadania, e a política, uma extensão de sua missão social.
Mais do que repórter, editor ou político, Jersan Araújo foi um exemplo de integridade. Um jornalista que não se limitava a narrar os fatos, mas se comprometia com eles; um cidadão que não se conformava com injustiças; um homem que usou a palavra como instrumento de transformação.
Agora, sua voz se silencia, mas seu legado permanece vivo — nas páginas que escreveu, nas histórias que contou, nas lutas que abraçou e no respeito que conquistou. Um nome que marcou época. Um jornalista que fez diferença. Um maranhense reconhecido como o profissional da imprensa que nunca fugiu da verdade.























