A presença de metanol em bebidas alcoólicas merece atenção. Esse composto pode aparecer naturalmente durante a fermentação de frutas ou por falhas na destilação, quando a fração inicial do processo, conhecida como “cabeça”, rica em metanol, não é descartada corretamente, segundo Thiago Correra, professor do Instituto de Química da Universidade de São Paulo (USP).
O perigo mais grave acontece quando há adulteração deliberada. Criminosos podem adicionar metanol industrial para aumentar o teor alcoólico aparente de uma bebida, prática ilegal e extremamente tóxica. Destilados como cachaça, aguardente e whisky, principalmente os produzidos de forma clandestina, são os mais propensos a conter níveis perigosos desse composto.
No caso de bebidas fermentadas, como o vinho, o metanol surge em pequenas quantidades naturalmente, devido à fermentação das cascas de frutas ricas em pectina, geralmente em níveis baixos e regulamentados. A cerveja praticamente não apresenta risco porque o processo de produção não gera metanol em quantidade relevante e não há incentivo econômico para adulteração. Contudo, qualquer bebida pode se tornar perigosa se o metanol for adicionado propositalmente após a produção.
O metanol é especialmente tóxico porque, ao ser ingerido, é convertido pelo corpo em formaldeído e depois em ácido fórmico, substâncias prejudiciais à saúde. O etanol, presente em bebidas comuns, também é metabolizado, mas é menos nocivo, sendo transformado em acetato e eliminado na urina.
Para reduzir riscos, a Associação Brasileira de Bebidas recomenda comprar produtos de fabricantes confiáveis, com embalagem lacrada e regulamentada. Evitar preços muito abaixo do mercado e bebidas produzidas de forma clandestina também é essencial.
Os sintomas de intoxicação incluem dor de cabeça intensa, tontura, náusea, dificuldade para enxergar e confusão mental. Em casos graves, a ingestão de metanol pode causar cegueira ou levar à morte. Qualquer suspeita de consumo deve ser tratada como emergência médica.