O presidente do MDB no Maranhão, Marcus Brandão, afirmou que buscou evitar, por diversas vezes, um rompimento político com o vice-governador Felipe Camarão, mas que a relação acabou desgastada por divergências internas e por um clima de hostilidade contra o governador Carlos Brandão. Segundo ele, Felipe não teria adotado uma postura firme para conter aliados que discutiam, nos bastidores, medidas como o afastamento do governador e até a prisão de membros da família Brandão.
Marcus contou que, após o carnaval, o deputado Pedro Lucas Fernandes o procurou relatando uma conversa com o deputado Márcio Jerry. Na ocasião, Jerry teria dito que “a paciência do grupo havia chegado ao limite” e que, caso o governador não anunciasse o candidato escolhido pelo grupo, seria articulado seu afastamento por 90 dias, com possibilidade de prorrogação por mais 90, até que outro ministro garantisse a continuidade da medida. Marcus questionou a viabilidade dessa ação contra um governador com quase 65% de aprovação popular e a maior parte das promessas de campanha cumpridas.
O dirigente também afirmou que o ex-presidente da Assembleia Legislativa Othelino Neto não teria controlado aliados que, segundo ele, estariam envolvidos na produção de provas falsas contra sua pessoa. Ele citou o nome de uma advogada mineira que, mesmo sem atuação pública conhecida no estado, teria milhares de clientes no Maranhão relacionados a questões do INSS. Marcus disse não poder afirmar se ela tem envolvimento com desvios, mas destacou que seu nome foi usado em um contexto de acusações que considera indevidas.
Ainda segundo Marcus, uma semana antes de Felipe assumir interinamente o governo, durante viagem internacional de Carlos Brandão, o vice o procurou demonstrando preocupação com um processo que envolvia a ex-assessora Mikal e a troca de 4.700 mensagens com um blogueiro. Inicialmente, o caso foi classificado por Felipe como fake news, mas, de acordo com Marcus, posteriormente a autenticidade das conversas teria sido confirmada.
O presidente do MDB também relatou que um assessor do ministro Flávio Dino teria acessado, 130 vezes, em um único dia, o sistema interno do Estado, mesmo sem vínculo funcional. Segundo ele, o acesso foi feito por meio de uma senha de uso restrito e, na sequência, informações sigilosas teriam sido repassadas a um procurador com a informação de que o procurador-geral do Estado seria preso. O IP de origem, afirmou, apontaria para o gabinete de Flávio Dino, e os dados teriam chegado ao advogado de Othelino Neto antes mesmo do protocolo das ações.