Em entrevista exclusiva ao Jornal Pequeno (Grupo JP), concedida ao jornalista Manoel Santos Neto, e que O INFORMANTE reproduz neste domingo, 7, o vice-governador e secretário de Estado da Educação, Felipe Camarão, participou de intensas articulações, na última semana, para viabilizar a montagem das chapas de prefeitos e vereadores que disputarão as próximas eleições de outubro abrigados na federação formada pelo PT, PCdoB e PV.
Escalado para assumir a coordenação da pré-campanha do deputado federal Duarte Jr. (PSB), Felipe Camarão acha que ainda é cedo para dizer como vai se dar a sucessão do prefeito Eduardo Braide (PSD) em São Luís, mas acredita que o pré-candidato do PSB tem amplas chances de vitória: “O Duarte é um candidato altamente competitivo, com inúmeras chances de ganhar a eleição”, salienta o vice-governador.
Camarão avalia que um conjunto de forças políticas irá convergir para o apoio ao nome de Duarte: “Nós vamos unir o nosso time em torno da sua candidatura, mostrar a nossa união com o Governo do Estado, com o Governo Federal, com ações concretas para resolver problemas crônicos de São Luís, como a educação, a mobilidade urbana, transporte público, a saúde de São Luís, que está sucateada. Avançaremos nessas pautas para tornar São Luís uma cidade mais moderna, mais eficiente, mas também por outro lado, mais humana”.
Com ação simultânea de vice-governador e secretário de Educação do Estado, Felipe Camarão atua como gestor da máquina pública e assume, cada vez mais, a missão de articulador político em todas as regiões do Maranhão e agora, mais especificamente em São Luís, como ele fala nesta entrevista:
Jornal Pequeno – O senhor vai de fato assumir a coordenação da campanha de Duarte Jr?
Felipe Camarão – Essa função de coordenador de campanha não foi oficialmente estabelecida; ainda está muito cedo, a campanha ainda não começou. Estamos ainda na fase de pré-campanha, de articulações. Eu estou procurando seguir as orientações do governador Carlos Brandão, e, junto com Duarte Jr, nós temos procurado os partidos aliados, aqueles partidos que ainda não declararam oficialmente apoio a ele.
Essa última semana foi a montagem da chapa de vereadores, todos os partidos se voltaram para isso, inclusive o meu, o PT. Eu estive à frente em todo o estado do Maranhão. Eu não posso esquecer, claro, eu nunca vou esquecer, que eu sou vice-governador e secretário de Educação, também tenho muitas atribuições a fazer. Mas certamente estarei ali entre os coordenadores, articuladores e conselheiros do meu amigo Duarte Jr, para o que ele precisar.
Essa função de coordenador geral a gente vai ver um pouquinho lá na frente, mas certamente eu estarei ali junto, com o governador Carlos Brandão e outros grandes nomes, como Clayton Noleto, Rubens Pereira, Rubens Pereira Jr. Quero chamar para perto também os deputados Carlos Lula, Rodrigo Lago e todo nosso time do PSB, da Federação, para ajudar a construir esse projeto político e de gestão pública para São Luís.
JP – Qual sua impressão sobre a atual conjuntura da sucessão em São Luís: Eduardo Braide, Duarte, Wellington do Curso, Yglesio etc?
FC – Acho que no atual contexto eleitoral de São Luís o prefeito Eduardo Braide continua, por enquanto, como favorito na eleição. Ele tem recall, porque teve a imagem recente do carnaval, e creio que ele também foi muito beneficiado pelas ações positivas do governo Brandão, que fez um excelente carnaval, e a população pode ter identificado como, eventualmente, ação da prefeitura. Contudo, acredito que está muito cedo para dizer que a eleição está definida. O Duarte é um candidato altamente competitivo, com inúmeras chances de ganhar a eleição.
Nós vamos unir o nosso time em torno da sua candidatura, mostrar a nossa união com o Governo do Estado, com o Governo Federal, com ações concretas para resolver problemas crônicos de São Luís, como a educação, a mobilidade urbana, transporte público, a saúde de São Luís, que está sucateada. Avançaremos nessas pautas para tornar São Luís uma cidade mais moderna, mais eficiente, mas também por outro lado, mais humana.
JP – Qual sua expectativa em relação ao desempenho do Partido dos Trabalhadores nestas próximas eleições municipais em todo o Maranhão?
FP – Nós temos uma expectativa muito positiva, não só com o PT, como com a federação formada pelo PT, PCdoB e PV. Estamos trabalhando unidos para montar nossa chapa de vereadores e vereadoras, vice-prefeitos e vice-prefeitas, e também de prefeitos e prefeitas do nosso estado.
Temos a meta de eleger 13 prefeitos pelo PT em todo Maranhão, mas nós ainda teremos os prefeitos do PCdoB e do PV também, vários vice-prefeitos, vereadores e temos expectativa muito positiva de melhorar muito o desempenho eleitoral do Partido dos Trabalhadores e das Trabalhadoras no estado.
JP – O senhor se posiciona contrário a alianças com bolsonaristas nestas próximas eleições? Por quê?
FC – Eu quero, em primeiro lugar, diferenciar bem as coisas: de gestão de governo e eleição. Na gestão do governo, eu e o Carlos Brandão temos o mesmo pensamento, que é o mesmo pensamento do presidente Lula: nós fomos eleitos para governar para todos. Lula é presidente de todos os brasileiros e brasileiras. O Brandão é governador de todos os 7 milhões de maranhenses do estado do Maranhão.
Nós não distinguimos sexo, raça, orientação sexual, religião, time de futebol, nada disso. Governar para todos, fazer gestão política para todos, especialmente para os mais vulneráveis. Agora, quando se disputa a eleição, quando se disputa o voto, nós estamos disputando também planos, disputando esperança, futuro, ações concretas, ideologia.
Nesse aspecto que eu digo que água não se mistura com óleo, não tem como defender uma bandeira progressista, de esquerda, com prioridade para a dignidade da pessoa humana, para o respeito, para a solidariedade, igualdade, com quem defende arma, com quem é terraplanista, antivacina, com quem profere discurso de ódio, com quem espalha fake news, não dá para se misturar com a pessoa que é extremista. Todo extremo é ruim. Nós não somos extremistas, portanto, não vamos nos juntar com extremistas. Esse que é o meu pensamento para as eleições.
JP – O que mudou na política do Maranhão com a ascensão de Flávio Dino ao STF?
FC – Nós perdemos um grande líder político, em minha opinião, um dos maiores que nós já tivemos na história do nosso Estado e do Brasil, uma pessoa com influência nacional, que fez grandes mandatos na política como deputado federal, como governador duas vezes e como senador e ministro. Flávio deixou um legado muito importante. Então nós perdemos essa referência, esse grande líder político.
Temos um novo líder político no estado do Maranhão que é o governador Carlos Brandão e seguimos todos unidos, jogando juntos, sob a sua liderança. E eu, como seu vice-governador, tenho ao seu lado essa responsabilidade histórica de tocar o legado deixado pelo Flávio, tanto na gestão quanto na política.
JP – O senhor acha que já existe um esboço do que poderá ser a sucessão do governador Brandão em 2026?
FC – Não, sobre 2026 ainda não existe cenário nenhum, está muito, muito cedo para se falar sobre isso. O meu objetivo único até agora, como vice-governador, é só ajudar o governador Carlos Brandão a fazer um grande governo e, como secretário, fazer a melhor gestão possível na educação, ajudar o povo do Maranhão. Temos as eleições de 2024 logo mais, em 2026 a gente só vai pensar no momento oportuno.
JP – De maneira geral, qual sua avaliação sobre o desempenho político e administrativo do governador Carlos Brandão?
FC – Julgo o desempenho excelente! Politicamente o governador Brandão conseguiu pacificar o nosso time, inclusive unindo aqueles que foram oposição a nós durante a eleição. Faz um governo tranquilo, um governo de união, governa para todos, sem distinção.
Ele está tocando o legado deixado pelo Flávio, mesmo diante de tantas dificuldades que nós tivemos no ano passado. E este ano, depois de muitos projetos que nós temos já engatilhados, aprovados, executaremos ainda muitas obras e temos muita coisa para o povo do Maranhão, mais até do que já entregamos em 2023, pois mesmo com as dificuldades, nós não paramos uma única semana.
JP – Qual sua avaliação sobre o desempenho político e administrativo do presidente Lula?
FC – O presidente Lula tem feito também uma gestão formidável, voltou com força e energia total, com destaque para sua liderança internacional, é claro, mas também para as políticas públicas internas.
No Maranhão estamos sendo muito beneficiados pela gestão do presidente Lula, que tem priorizado o estado, com diversos programas, como as escolas de tempo integral, jornada de alfabetização, programa Pé de Meia, isso falando só de educação, fora as outras áreas em que ele tem mandado bastante recurso. Quase 40 ministros estiveram aqui no ano passado, no estado do Maranhão, representando o presidente Lula em vários eventos, vários lançamentos, e, portanto, estamos muito satisfeitos com a parceria com nosso presidente.
JP – Como o senhor tem conseguido compatibilizar o cargo de vice-governador com a função de gestor da Educação Estadual?
FC – Nos últimos anos de serviço público, sempre acumulei funções, seja como secretário, gestor público e como professor. Acredito que foi uma boa escola para mim, uma espécie de estágio para o atual momento. Por escolha e confiança do governador Carlos Brandão, retornei à pasta da Educação em março de 2023 e desde então tenho buscado ao máximo conciliar as atribuições do meu cargo de vice-governador, que é representá-lo e auxiliá-lo nas demandas que ele me determina, com o papel de gestor da educação do Estado.
No dia a dia, procuro estar sempre presente e atento às duas funções, para tentar ao máximo corresponder a confiança em mim depositada, tanto pelo povo do Maranhão que me elegeu como vice-governador, como pelo governador que me escolheu como secretário.
JP – Que avaliação global o senhor faz sobre o seu desempenho como secretário da Educação do Estado do Maranhão?
FC – Esse, sem dúvidas, é um novo momento na educação maranhense. Diferentemente dos anos anteriores, em que não tivemos apoio do governo federal, hoje fazemos educação com parcerias importantes. Desde que voltei para a Educação, há um ano, estou focado em diversos projetos que contam com o apoio irrestrito do governo federal. Eu avalio como um desempenho ascendente, cheio de desafios, mas que certamente com o regime de colaboração, venceremos. Vamos melhorar cada vez mais.
JP – Quais os principais projetos, ações e programas que deverão ser implementados pela Seduc neste ano de 2024?
FC – A Seduc está empenhada na expansão das escolas do Ensino Médio em tempo integral, que iniciou neste ano e mais que dobrará o número de escolas nessa modalidade em nossa rede. Ainda nesta modalidade de ensino, podemos citar a parceria com Governo Federal, na criação de mais matrículas em tempo integral, via Programa Escola em Tempo Integral por meio de assistência técnico-pedagógica e financeira.
Nisso a Seduc tem acompanhado muito de perto e auxiliado os municípios nessa transição, formando o corpo técnico e estruturando a gestão para assegurar a qualidade e a equidade na oferta do desse modelo de ensino.
Além disso, estamos empenhando esforços para superar os índices na alfabetização na idade certa, com um trabalho primoroso que nossa equipe tem feito em regime de colaboração com os municípios maranhenses, via Pacto Pela Aprendizagem. Estas duas ações são apoiadas com muita força pelo governo federal, que tem trabalhado nestas duas frentes de atuação, em todo Brasil.