O Dia do Jornalista, celebrado em 7 de abril, marca não apenas uma data comemorativa, mas também um momento de mobilização da categoria por melhores condições de trabalho. Em meio ao avanço da desinformação e à precarização da profissão, entidades representativas dos profissionais da notícia reforçam pautas históricas, como salários dignos, valorização profissional e a volta da obrigatoriedade do diploma para o exercício da função.
A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e outras entidades do setor apontam que, entre 2013 e 2023, houve perda de aproximadamente 18% dos empregos formais no jornalismo. Para a presidente da Fenaj, Samira de Castro, é urgente a adoção de políticas públicas que garantam a sustentabilidade do jornalismo.
“Defender o jornalismo é defender a democracia — e isso exige condições dignas de trabalho, liberdade de imprensa e compromisso com a informação de qualidade”, afirmou Samira.
Um dos principais pontos defendidos pelas entidades é o restabelecimento da exigência do diploma de Jornalismo. A obrigatoriedade foi suspensa em 2009, por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), a partir de um pedido do Sindicato das Empresas de Rádio e Televisão de São Paulo. Desde então, a profissão pode ser exercida por qualquer cidadão, sem formação específica.
Além do diploma, os representantes da categoria destacam a necessidade de combater o assédio judicial contra jornalistas, regulamentar a atuação das big techs e criar mecanismos de incentivo às mídias regionais, populares e comunitárias. A Associação Brasileira de Imprensa (ABI) vai divulgar nota nesta segunda-feira (7) pedindo providências em relação a esses temas.
O diretor de jornalismo da ABI, Moacyr Oliveira Filho, defende também medidas mais duras contra a disseminação de fake news. “As grandes plataformas digitais precisam ser responsabilizadas pelo que é publicado e divulgado em larga escala”, disse.
No Pará, um dos estados com os piores pisos salariais do país, a luta por valorização também é intensa. O presidente do Sindicato dos Jornalistas do Pará (Sinjor-PA), Vito Gemaque, denuncia que os profissionais da capital, Belém, ganham R$ 1.985 — pouco acima do salário mínimo nacional, atualmente em R$ 1.500. Em municípios do interior, o valor é ainda menor, por volta de R$ 1.800.
Segundo Gemaque, apesar de Belém ser sede da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-30) em novembro, o que deve aquecer o mercado publicitário local, os jornalistas seguem sem retorno efetivo. “O dinheiro circula em publicidade, inclusive de governos estaduais e prefeituras, mas não chega aos jornalistas”, afirma.
Está marcada para 1º de maio uma nova rodada de negociações com as empresas. Os profissionais reivindicam reajuste de 10% e um piso salarial equivalente a dois salários mínimos.
A data de 7 de abril, mais uma vez, mostra que ser jornalista no Brasil ainda é enfrentar diariamente a busca por reconhecimento, respeito e condições dignas para exercer uma atividade essencial à democracia.