A delegada Natasha Dolci foi oficialmente demitida da Polícia Civil de Pernambuco por decisão da Secretaria de Defesa Social (SDS). A medida, assinada pelo secretário Alessandro Carvalho, foi baseada em acusações de quebra de decoro, divulgação de informações da repartição e conduta ofensiva contra superiores hierárquicos.
A exoneração, no entanto, acirrou o debate sobre perseguição interna e abuso de poder dentro da corporação. Em vídeo divulgado nas redes sociais, Natasha reagiu com indignação, acusando o Estado de promover uma campanha de retaliação contra ela.
Segundo a ex-delegada, nos últimos dois anos ela teria sido transferida 14 vezes, o que, em sua visão, comprova a tentativa de silenciamento por parte da cúpula da SDS.
“Fui punida por dizer a verdade e denunciar o que muitos fingem não ver”, afirmou.
A resposta institucional veio por meio da ADEPE (Associação dos Delegados de Polícia de Pernambuco), que divulgou nota pública prestando solidariedade aos delegados e classificando as manifestações de Natasha como ofensivas, desrespeitosas e incompatíveis com a ética profissional.
Apesar do tom firme da associação, nenhum trecho da nota menciona ou rebate o conteúdo das denúncias feitas por Natasha, o que levanta questionamentos sobre a transparência no trato com divergências internas.
O episódio escancara um racha dentro da Polícia Civil do estado. De um lado, uma servidora que afirma ter sido punida por não se calar. Do outro, uma estrutura que prefere preservar a hierarquia ao invés de discutir os problemas que ela própria ajuda a esconder.
Natasha, promete recorrer e levar o caso ao Judiciário. Enquanto isso, cresce o debate sobre até que ponto a liberdade de expressão pode ser exercida por servidores públicos – e onde começa a censura disfarçada de disciplina.
A página tentou contato com a delegada, mas ainda não tivemos resposta sobre o caso.