O Maranhão assistiu estarrecido, na semana passada, a um sério incidente durante uma sessão de tribunal de Júri na cidade de Cantanhede, interior do estado, com imagens amplamente divulgadas nas redes sociais. Além de ter ganho grande repercussão, o embate levanta questões relevantes sobre a dinâmica de gênero e a relação entre os diferentes órgãos do sistema judiciário. É interessante observar como um conflito aparentemente simples, como uma discussão sobre ‘disposição de assentos’, pode se transformar em um debate mais profundo a respeito de machismo e da luta por respeito e igualdade no ambiente de trabalho.
A juíza Bruna Fernanda Oliveira da Costa, (titular da Comarca de Cantanhede), ao apontar o “comportamento machista” do promotor de Justiça Márcio Antônio Alves de Oliveira (também titular na localidade), anunciou tomar medidas mais drásticas, além de, suspender automaticamente a sessão após um bate-boca que não condiz com o cenário judicial.
Em seu favor, a magistrada alegou desrespeito após ser “abruptamente” interrompida em uma fala pelo promotor, e, como presidente da sessão, afirmou com veemência que quem mandava ali era ela, pondo fim a uma reunião antes mesmo que ela começasse.
A resposta veio por meio de nota oficial da Associação do Ministério Público do Maranhão (AMPEM), que saiu em defesa do promotor. O comunicado afirma que ele agiu de ‘maneira respeitosa e dentro dos limites legais’ ao solicitar o cumprimento da lei, conduta que, segundo a instituição, é característica de sua atuação e pode ser comprovada pelas gravações da sessão. A entidade ainda contestou a Ata de Audiência, argumentando que a mesma foi redigida de forma unilateral e que não reflete fielmente o que ocorreu, além de destacar que as imagens registradas em vídeo evidenciam uma elevação de tom por parte da juíza.
A situação escancara uma ‘possível’ tensão pré-existente entre ‘colegas’, de sexos opostos e diferentes instituições (Ministério Público e Judiciário) medindo forças, como em uma queda de braço, prejudicando o andamento de um processo que carece de julgamento e que ficou sem data definida devido ao atrito entre representantes da lei que poderiam deixar para aparar as arestas em outro ambiente, ou em outra ocasião.
Faltou maturidade? A ausência de diálogo e o embate direto, travado diante do público e das partes envolvidas, colocam em segundo plano o objetivo maior da Justiça: o interesse da sociedade.